9 de fevereiro de 2010

A mística cultura indiana

São 2h da manhã e finalmente chego á Índia, depois de uma longa viagem e digamos bastante extenuante. Decido ir descansar para no dia seguinte acordar e começar a explorar a cultura indiana.

São 7h da manhã, surpreendo-me a mim mesma e levanto-me logo que ouço o som incomodativo do meu fabuloso despertador. Levanto-me com gosto, coisa que no meu monótono dia-a-dia nunca o faço, sempre que ouço o som do despertador a única coisa que faço é carregar no botão ’repetir’ e virar-me para o outro lado.

Abro as cortinas e a luz do dia ilumina todo o meu quarto, um belo dia lá fora espera-me, por isso preparo-me apressadamente para aproveitar ao máximo o dia.

Percorro as ruas de Délhi, capital da Índia e sinto-me como uma habitante da Índia, pois todos me cumprimentam dizendo ‘Namasté’. Bom, sozinha dificilmente iria ficar a conhecer toda a lendária cultura indiana, por isso decidi ir a um templo onde se encontravam as pessoas mais sábias de toda a Índia, os brahamanas. Falei com um deles e perguntei se me podia ensinar algumas coisas da cultura indiana, mas com o intuito de me enriquecer mentalmente e espiritualmente. A resposta foi 'tike he'. Bem, presumi que tenha sido um sim, pois seguidamente a essa expressão o brahamana soltou um sorriso acolhedor.
Brahamana de nome Opash, vai acompanhar-me durante toda a minha viagem. Na primeira lição Opash diz-me que apesar da diversidade presente na cultura indiana, o povo indiano é extremamente ligado à nação, o que os torna uma sociedade muito tradicional.
Com o passar do tempo apercebo-me que tudo na Índia está relacionado com a espiritualidade. No entanto, Opash explica-me que apesar da força que a espiritualidade tem para a cultura indiana, o conhecimento tem um lugar central na vida dos indianos, pois o propósito de cada indiano é sair da escuridão e da ignorância e chegar à luz do conhecimento. Isto surpreendeu-me por completo, pois em Portugal e em muitos outros países europeus, se perguntarmos ás pessoas qual o seu objectivo de vida, muitas delas dizem com toda a convicção que é ter qualidade de vida e ser feliz. Bem ser feliz é realmente uma coisa importante, mas e conhecermo-nos a nós próprios? Não será primordial?
Esta viagem começa a deixar as suas marcas e a minha maneira de pensar modifica-se em muitos aspectos.

Opash dá-me mais uma sábia lição e diz que nas famílias indianas uma das coisas mais importantes é transmitir de geração em geração a sua cultura valorizando principalmente a culinária rica em temperos e especiarias, as vestimentas femininas sempre muito coloridas, a forte espiritualidade e as crenças em deuses.
Todas as expressões indianas têm um significado profundo e extremamente curioso, nomeadamente a expressão ‘Namasté’, que os indianos utilizam para se cumprimentarem. Eu, na minha modesta ignorância pensava que se tratava apenas de um ‘Olá’, mas não, e, na minha opinião é uma expressão com um significado divinal. Quando cumprimentamos alguém com a expressão ‘Namasté’ estamos efetivamente a dizer: ‘Tudo que é melhor é mais superior em mim cumprimenta tudo que é melhor e mais alto em você’. Mais uma prova de como a cultura indiana é surpreendente.


Último dia, última lição. Opash mostra-me como a vida é, aos olhos dos indianos. Na filosofia indiana a vida é um eterno ciclo, que termina no ‘centro’, coisa que só os que praticam o bem atingem. Os incidentes de percurso não são motivo de raiva, assim como os erros não são uma questão de pecado, mas sim uma questão de imaturidade da alma. A cultura indiana está divida em castas (grupos sociais) essa hierarquia implica que quanto mais alto se chega na escala, maiores são as obrigações. O ciclo da vida exige mais de quem é mais capaz.

Sinto-me uma pessoa completamente diferente e com outros objectivos de vida, no entanto um pouco desanimada pois descobri que a maioria das pessoas europeias não sabe o que é realmente viver e rege-se pelo materialismo. Tudo tem valor na vida das pessoas, no entanto esse valor é sempre atribuído ao material e não ao moral/espiritual. E esta, é a principal diferença entre os europeus e os indianos, a maneira de ver a vida.


A Índia cresceu como país, mas no entanto, nunca perdeu as suas crenças, costumes e valores culturais. Índia é decididamente um dos países mais místicos do mundo e com uma cultura para lá de interessante.

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